Viajar para Machu Picchu sozinha – uma experiência transformadora

Viajar para Machu Picchu, no Peru, era meu sonho desde que me conheço por gente. Quando eu tinha 4 anos de idade meu tio Amaury saiu para um mochilão de 2 meses pela América do Sul, pegando carona e sem paradas definidas. O único destino bem marcado no roteiro dele eram as ruínas sagradas de Machu Picchu.

Naquela época as pessoas da minha família ficaram abismadas com a coragem e loucura do meu tio. Eu tinha só 4 anos, não entendia muito bem o que estava acontecendo, mas quando ele voltou me contou histórias lindas da viagem.

A mais legal era sobre a montanha sagrada de um povo que não existe mais e que era cheia de ruínas. Esse lugar mágico se chamava Machu Picchu e para chegar lá era preciso viver uma grande aventura.

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Machu Picchu, o primeiro destino dos meus sonhos…

Pronto, meu primeiro sonho de viagem se instalou na minha mente ali, com 4 anos, no colo do meu querido tio Amaury, vestindo o poncho de lhamas que ele me trouxe de presente.

Em 2016, 20 anos depois, finalmente realizei esse sonho. Viajei sozinha para Machu Picchu e foi uma das experiências mais fortes da minha vida! Nesse post vou contar como foi, o que eu senti e dicas práticas para chegar lá e aproveitar ao máximo. Também direi porque acho que todo mundo deve ir para Machu Picchu sozinho, pelo menos uma vez na vida.

Também fiz um vídeo mostrando um pouco a experiência:

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Por que ir para Machu Picchu sozinha?

Machu Picchu foi uma parada da viagem para a América do Sul LGBT que eu fiz junto com a Fabia. Todos os outros destinos fizemos juntas, mas para Machu Picchu eu fui sozinha. Essa escolha aconteceu puramente pelo motivo financeiro. Ela já havia ido para Machu Picchu antes e como é um passeio caro, resolvemos economizar. Só eu iria dessa vez.

Apesar de eu amar viajar com ela, não me arrependo de ter ido sozinha. Foi essencial entrar em contato com a energia das ruínas sem mais ninguém. Ainda quero voltar lá com ela e no futuro, com nossos filhos. Acho que serão experiências igualmente incríveis, mas com certeza diferentes.

Então eu digo: sim, vá para Machu Picchu sozinha(o)!

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O céu mais lindo do mundo estava me esperando lá em Machu Picchu…

Como é um destino super turístico eu vi diversas outras mulheres desacompanhadas por lá. Não considero um passeio perigoso. Não passei por nenhuma experiência de assédio ou medo por estar desacompanhada. Foi tudo bem tranquilo. Como eles recebem todo tipo de gente que vem do mundo todo, estão acostumados a conviver com as diferenças.

Não sou uma pessoa religiosa, mas é impossível negar que Machu Picchu tem uma energia fortíssima, muito louca. Me arrepiei e chorei de emoção em vários momentos. E como estava sozinha, eu conseguia sentar e contemplar em silêncio sempre que me dava vontade, deixava fluir essa energia pelo meu corpo e absorvia tudo. Aconselho qualquer pessoa a ir para Machu Picchu sozinha pelo menos uma vez na vida.

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Vendo as ruínas por outro ângulo… sozinha e com calma deu para explorar muito!

A Saga para chegar em Machu Picchu

Meu tio estava certo. Para chegar em Machu Picchu primeiro é preciso viver uma aventura. Existem várias maneiras de chegar lá e eu fui pela mais simples: peguei uma van em Cusco até Ollantaytambo e de lá, tomei o trem até Águas Calientes. Dormi uma noite na cidade e na manhã seguinte, bem cedo, peguei o ônibus que sobe para a montanha sagrada de Machu Picchu.

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No trem que vai de Ollantaytambo para Aguas Calientes (a cidade base dos passeios de Machu Picchu)

Apesar de parecer um trajeto simples, leva um bom tempo para chegar em Águas Calientes. Eu contei a experiência detalhada de ir de Cusco à Ollantaytambo de van nesse post, porque é uma alternativa barata e que pouca gente conhece.

A ida sozinha no ônibus foi tranquila, apesar de eu estar me sentindo um ET por ser a única turista no transporte local. Chegando em Águas Calientes fui para minha hospedagem, a Casa Machu Picchu. Fiquei em um quarto compartilhado com mais 3 garotas, mas como estavam todas acabadas da viagem para chegar ali, mal conversamos.

Se fico em hostel eu sempre escolho dormitórios em quartos femininos e fujo dos quartos mistos. Tenho amigas que passaram por experiências bizarras de ter um cara encarando a noite toda num dormitório misto. Confesso que tenho medo e prefiro evitar essas coisas.

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Machu Picchu, a energia mais louca do mundo está aqui!

No dia seguinte acordei às 07:00 da manhã para tomar café na rua e pegar o ônibus para Machu Picchu. Eu queria subir o mais cedo possível, porque meu trem de volta era no meio da tarde e eu queria aproveitar as ruínas.

Comprei apenas o bilhete de ida do ônibus, por salgados 12 dólares, porque queria tentar descer a montanha a pé, pela trilha. O bilhete do ônibus você compra ali na hora mesmo, na frente da praça central de Aguas Calientes, em frente ao ponto dos ônibus.

Visitando as ruínas de Machu Picchu – o sonho que se tornou realidade

Depois de 20 minutinhos subindo a montanha no ônibus, cheguei na entrada para as ruínas. Apresentei o meu ticket e rapidamente entrei.

Observação importante: você tem que comprar a entrada com antecedência! Eles não vendem ali na hora, apenas pela internet e existe um número máximo de pessoas por dia para entrar. Sem o ticket você nem consegue comprar o ônibus para subir. Ou seja, se planeje bem e vá com tudo comprado!

A entrada só para Machu Picchu custa 75 dólares americanos e com a subida para Huayna Picchu sai por 86 dólares. Você pode comprar nesse link: Ingresso Oficial Machu Picchu

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Cheguei nas ruínas de Machu Picchu, que felicidade!

Bem, fui no dia 5 de dezembro e peguei um céu aberto e muito azul. Algumas nuvens pincelavam para deixar mais bonito ainda. Pude ver todas as ruínas e a natureza com muita clareza e sem neblina.

Entrei e logo nos primeiros dez minutos o meu coração já estava batendo muito forte e a pele toda arrepiada. Mal dava para acreditar que eu estava ali mesmo! E Machu Picchu é mais lindo pessoalmente do que nas fotos, acredite.

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Pra ficar mais lindo que isso, só ao vivo! Viajar sozinha é uma experiência transformadora…

Fiquei quase três horas indo e voltando pelas ruínas da montanha sagrada. Tirei muuuuitas fotos e também fiz vários vídeos. De tempos em tempos eu parava, ficava contemplando alguma paisagem e agradecendo por estar ali.

A Gabi de 4 anos de idade dava pulos de alegria dentro de mim! Que maravilhoso era caminhar pelas mesmas ruínas que o meu tio caminhou, que tantos viajantes caminharam e ainda caminharão…

Eu levei meu celular e o fone de ouvido, porque eu amo ouvir música quando estou sozinha. Mas nesse passeio não tive nenhuma vontade. Quis ouvir todos os sons daquele lugar, o silêncio de um cantinho escondido e as vozes falando em muitas línguas nos trechos mais lotados de turistas. Machu Picchu é, definitivamente, uma experiência sensorial.

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Estrutura de cultivo da antiga vila Inca.

Levei frutas, barrinhas de cereal e um lanche que comprei na cidade antes de pegar o ônibus. Essa dica é ótima porque lá na lanchonete as comidas são caríssimas. Também levei muita água e protetor solar, que foi repassado no corpo várias vezes ao longo dessas horas. O sol começou a pegar muito forte e quem estava sem protetor saiu de Machu Picchu no pior estilo pimentão.

Quando comprei o ingresso, com quase 2 meses de antecedência, escolhi por comprar apenas a entrada de Machu Picchu, sem a subida para Huyana Picchu. Huayna Picchu é aquela montanha mais pontuda e famosa, a que vemos de frente quando estamos em Machu Picchu. Eu achei que seria muito difícil subir pela altitude e que não seria tão legal assim…

Me arrependi completamente. Quando cheguei lá já estava acostumada com a altitude, depois de quase 15 dias passando por cidades altas, e percebi que eu teria conseguido subir. Fora que o visual de lá de cima deve ser fenomenal. Na minha próxima ida subirei Huayna Picchu com certeza absoluta!

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Nessa foto você pode ver as casinhas da vila inca conservadas e, ao fundo, a montanha de Huayna Picchu.

Descer a montanha de Machu Picchu a pé, pela trilha

Na hora de voltar, resolvi seguir o plano de descer pela trilha da montanha. Assim eu economizaria o dinheiro da volta do ônibus e poderia viver mais uma aventura solo. A moça da entrada do parque me disse para seguir as setas pela trilha e nunca ir pela estrada asfaltada pois isso poderia causar um acidente.

Comecei a descer pelas escadas da montanha. A trilha é todinha com escadas, algumas partes com degraus grandes e outras com degraus mais baixos. Eu achava que haveria momentos mais planos ou de descida na terra, mas não. Foram quase 50 minutos descendo escadas pelo meio do mato.

A experiência foi muito legal, porque eu estava realmente sozinha no coração da montanha.

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Visual da trilha, descendo de Machu Picchu para Aguas Calientes.

Por outro lado, foi muito cansativo. Mesmo eu tendo um preparo físico bom, 50 minutos de escadas acabou com meus joelhos e tornozelos. Cheguei lá embaixo exausta e com dor. Em alguns momentos, quando a mata ficava bem fechada, confesso que senti medo. E se viesse um bicho enorme e me atacasse? E se tivesse um louco escondido no mato? Nada disso aconteceu, felizmente.

Só fui atacada por muitos mosquitos e pernilongos… Claro, estava no meio da mata fechada! Se eu soubesse teria passado repelente… A coceira das picadas me acompanharam pelos próximos dias. Mas tudo bem, valeu muito a pena!

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Não existem palavras para descrever o que eu senti em Machu Picchu…

Eu voltei de Machu Picchu a mesma pessoa, mas completamente diferente.

Logo que desci da montanha postei a seguinte foto no Instagram, contando melhor a história da viagem do meu tio que tanto me inspirou. Pelo texto vocês podem perceber como eu estava emocionada:

A primeira lembrança que eu tenho da vida, com 4 anos de idade, é de Machu Picchu. Não, meus pais não me trouxeram a Machu Picchu com 4 anos. Mas nessa época meu tio Amaury veio para cá. Ele me levou de presente um daqueles ponchos fofos com desenho de lhama. Como eu amava aquele poncho! Pinicava demais, mas eu amava usar. Meu tio também me mostrou fotos desse lugar cheio de pedras e montanhas. Ele me disse que era um lugar muito mágico e sagrado para um povo antigo que não existe mais e que falava uma língua difícil. Na minha cabeça de criança Machu Picchu era um lugar muuuuuuito longe e difícil de chegar, por isso mesmo era tão mágico. Na verdade meu tio não tinha vindo só para Machu Picchu, essa era apenas uma parada de um mochilão de meses pela América Latina que incluiu Bolívia, Peru e o Atacama no Chile. (Exatamente a viagem que estou fazendo hoje, que curioso). Meu tio Amaury é um cara muito bacana, ligado em fotografia e em misticismos. Ao longo dos anos a pequena Gabi cresceu conversando com ele sobre Machu Picchu e suas mágicas. E sempre ficou na minha cabeça como eu tinha que conhecer esse lugar. Todos falavam que meu tio tinha sido louco de fazer essa viagem. Que perigo, onde já se viu? De mochilão sozinho pela América do Sul, tão jovem, pegando ônibus e dormindo por aí? Que coisa bonita é a vida, a menina (sempre) rebelde ouviu isso tantas vezes e a semente da viajante foi plantada em mim naquela época. Demorou um pouco tio, mas eu estou aqui! E passei horas emocianada hoje. Realmente é um lugar mágico. Não sei explicar, mas é forte, arrepia e faz chorar. Estou te levando de presente muitas fotos e a gratidão da Gabi de 4 anos. Ah, e uma garrafa da cerveja Cusqueña que você me pediu, claro! . . #machupicchu #peru #americadosulLGBT #estrangeira

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A Adriana do blog Atravessar Fronteiras também ficou com super emocionada quando foi para lá, você pode ler o relato dela aqui: Olhos marejados em Machu Picchu

E o pessoal do blog Turistando.In conta a experiência de chegar lá caminhando! Leia aqui: A Trilha Inca de 4 dias para Machu Picchu.


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