Rota do Cangaço: a trilha que explora o último confronto de Lampião

Lampião e Maria Bonita, conhecidos como Reis do Cangaço, foram mortos no dia 28  de julho de 1938, na Grota do Angico, que fica bem no meio da caatinga Sergipana. A Rota do Cangaço é um passeio muito legal, com uma trilha que explora os últimos passos e o confronto fatal de Lampião e seu bando de cangaceiros com a volante alagoana.

De Piranhas saem dois passeios diferentes: o que para no Cangaço Eco Park, operado pela MF Tour, e outro que para no Angicos EcoPark. Cada um deles operam trilhas diferentes até o local da morte dos cangaceiros. O que nós fizemos, que sai do Cangaço EcoPark percorre um trecho mais longo (1600 metros cada trecho, totalizando 3,2km), mas o percurso é quase todo plano e tranquilo de ser feito. No nosso grupo havia inclusive várias crianças.

A trilha que parte do Angicos Eco Park é mais curta, apenas 700 metros cada trecho. Mas ela é mais íngreme e acidentada. Daí vai de você decidir o que te parece melhor! Trecho mais longo e plano ou mais curto de subida.
Esse aqui é o Angicos (nós passamos de barco na frente dele). Os dois partem do mesmo local e você verá barraquinhas de venda de ambos na prainha de Piranhas.

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Outro passeio interessante, o dos Cânions do Xingó, tem saída da mesma região e, por isso, muita gente separa 2 dias da viagem para fazer num dia os Cânions e no outro a Rota do Cangaço (como nós fizemos).

Leia também: Cânions do Xingó no Rio São Francisco: tudo sobre o passeio

O passeio da Rota do Cangaço saindo do Cangaço Eco Park

O passeio sai às 9h e retorna às 15h. O barco parte do porto de Piranhas, bem em frente ao centro histórico e custa R$80 por pessoa.

Navegamos por 45 minutos um trecho lindo do Rio São Francisco. No passeio dos Cânions percorremos a vazante do rio São Francisco, a parte represada. Nesse passeio fomos pela jusante, a parte que está depois da queda da hidrelétrica. Dá para ver claramente que a correnteza é mais forte.

O catamarã atracou no Cangaço Eco Park, um complexo bem legal onde será a base dos viajantes. Lá tem restaurante, parede de escalada, tobogã, espreguiçadeiras e guarda-volumes. Quem vai de carro, pode utilizar a estrutura pagando R$ 20,00. Para usar o locker são mais R$ 20,00 (um exagero).

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Leia também: O que fazer em Aracaju – roteiro de viagem e dicas completas

A Trilha do Cangaço é cobrada à parte e custa R$20 por pessoa. Ela dura cerca de 1h45. Quem preferir não fazer a trilha pode ficar no restaurante relaxando.

Os grupos saem diariamente às 10h, 12h e 14h. Nós fizemos a das 10h, para evitar o sol muito quente do meio-dia. São 1.600 metros em cada trecho, então leve um tênis confortável porque no fim você vai andar mais de 3 quilômetros. Mas a trilha é plana e de nível fácil, sem muitas subidas ou pedregulhos.

Pé na caatinga

Na trilha precisa passar por alguns riachos, pisando em pedras, e há pequenos trechos mais inclinados e com pedras, mas é bem tranquilo. Como disse antes, nosso grupo tinha várias crianças e todas fizeram com facilidade.

Uma guia vestida de cangaceira nos acompanhou durante todo o passeio contando histórias e curiosidades. A primeira parada foi sob um lindo umbuzeiro onde ela nos falou sobre o clima e a vegetação local: a caatinga. Inclusive, ao longo do caminho as árvores estão marcadas com os nomes de suas espécies.

Depois paramos no Poço do Tamanduá, local onde foi disparado o primeiro tiro contra o grupo de cangaceiros, de maneira precipitada, e que acabou quase colocando a perder todo o plano de captura do bando.

Quando chegamos perto da Grota do Angico, a guia conta muitos detalhes e curiosidades sobre o bando de Lampião e a última batalha, que acabou levando à morte o rei do cangaço, da sua mulher, Maria Bonita,  além de mais 11 cangaceiros. É possível ver marcas de tiros nas pedras, e inclusive a pedra onde Maria Bonito foi degolada, ainda viva.

Há três cruzes no local, que sinalizam as mortes de Lampião e Maria Bonita, e também de um policial que acabou sendo atingido durante a emboscada (foto de capa desse post). Também podemos ver uma placa com os nomes de todos que perderam suas vidas ali.

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Dicas para a trilha da Rota do Cangaço

Fizemos a trilha no mês de agosto e recomendamos que você também opte por fazer esse passeio no inverno. As temperaturas estavam altas, mas no verão fica insuportável, já que beira os 40 graus! Além disso, no inverno a caatinga fica bem cheia de folhas, então há bastante sombra. Se você for no verão, estará tudo seco, sem uma mísera sombrinha para te proteger do sol!

Dicas importantes:

  • Leve, ao menos, 1 litro de água por pessoa. O clima é seco, muito quente, e a chave para não passar mal é se hidratar.
  • Passe protetor solar antes de iniciar a trilha.
  • Vá de tênis ou um sapato bem confortável para caminhada. Chinelo ou sandália é cilada!
  • Leve um boné ou chapéu para proteger o cocoruto do sol quente.
  • Vá com o celular carregado, pois você vai tirar lindas fotos do caminho!
  • Evite levar coisas pesadas. Nós mesmas deixamos nossa câmera profissional no locker e levamos apenas os celulares.
  • Tire todas as suas dúvidas com a guia, durante a trilha. Ela tem bastante conhecimento sobre o movimento do Cangaço e da vegetação local.

Ao completar a volta da trilha, ficamos mais 2 horinhas no Cangaço Eco Park onde almoçamos, descansamos e pudemos curtir o Rio São Francisco. Lá pelas 14h30, o catamarã partiu rumo a Piranhas. Acabamos assim o nosso dia explorando a Rota do Cangaço e mergulhando fundo na história da última batalha de Lampião e seu bando.

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Como chegar em Piranhas, a cidade base para a Rota do Cangaço

Piranhas fica no estado de Alagoas, próximo à divisa com Sergipe. Como começa todo dia às 9h da manhã, o melhor é ir até Piranhas no dia anterior, dormir uma noite lá para já estar descansado antes de sair para a rota.

A maioria dos viajantes vai até Piranhas saindo de Aracaju (Sergipe), pois são 210km de distância. Se você estiver em Maceió (Alagoas), vai encarar 290km de estrada. O jeito mais rápido e prático é ir de carro. A nossa dica é alugar carro usando a RentCars, um buscador que compara preços das locadoras e te diz o mais barato. Usamos sempre e recomendamos!

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Se você preferir ir de ônibus a única opção é saindo da Rodoviária de Aracaju, ônibus executivo da Rota Transportes que vai até Canindé de São Francisco. Custa R$54 por pessoa e normalmente tem duas saídas por dia, uma as 9h da manhã e outra às 17h. São 4 horas de viagem.

De lá, você vai ter que pegar um táxi até Piranhas (R$ 50). Confirme os horários e preços no site da Rota Transporte. Não há ônibus direto saindo de Maceió, infelizmente.

A outra opção é fazer como nós: fizemos o passeio dos Cânions do Xingó no dia anterior, com a Top Tur, e como a saída para os Cânions é exatamente em Canindé de São Francisco, ao invés de voltar para Aracaju com a van da Top Tur, nós ficamos por lá e seguimos de táxi até Piranhas. No dia seguinte pegamos a van do tour, no fim do passeio, de volta para Aracaju.

Para ir de Canindé a Piranhas é preciso pegar um táxi, uma vez que nessa região não tem Uber. E como são cidades pequenas, não há muitos táxis. A dica é já deixar a corrida agendada com o motorista André. Ele foi indicação da Top Tur e é de confiança. O valor desse transfer Canindé – Piranhas é R$50. O telefone dele é (82) 8739-1644. Quando ligar para ele, diga que veio do blog Estrangeira! :)

Leia também: Quanto custa viajar para o Sergipe: gastos em Aracaju e passeios próximos

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O que fazer em Piranhas

Já que você vai até Piranhas para fazer a Rota do Cangaço, por que não aproveitar e dar uma voltinha por lá? Piranhas é uma cidade fofa, colonial, bem cuidada e que conquistou nossos corações. Chegamos lá às 17h do mesmo dia que fizemos o passeio aos Cânions do Xingó e pudemos dar uma explorada na cidade ao entardecer.

O centro histórico é bem pequeno, mas a cidade é agitada de fim de semana. Todo sábado à noite rola na praça principal o show de forró com apresentação de xaxado. Os dançarinos vestidos de cangaceiros botam pra quebrar. É demais! Se você quer ver essa belezura, faça como nós: planeje para estar em Piranhas num sábado.

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O único problema é que o show vai até meia-noite e como todas as pousadas estão nas ruas do centro histórico, ninguém consegue dormir antes disso, rs. Em Piranhas há ainda dois mirantes seculares que te proporcionam uma vista incrível da cidade e do Rio São Francisco.

Outras atrações legais da cidade, caso você tenha tempo de visitar, são o Museu do Sertão, o Café da Torre, a Cachaçaria Aldemar Dutra e o Centro de Artesanato.

Onde ficar em Piranhas

É importante escolher um hotel ou pousada no centro histórico, ou “Piranhas Velha”. Está bem na beira do Rio São Francisco, de onde sai o passeio para a Rota do Cangaço.

Existem outras opções na parte alta da cidade, “Piranhas Nova”, mas está a 3 km de distância. Se você estiver de carro, ótimo, senão opte por Piranhas Velha.

Nós ficamos hospedadas na Pousada Barrancas, que fica bem na praça central, no meio do agito. O edifício colonial da pousada é tombado pelo IPHAN. Os quartos são simples e sem janela exterior, tem apenas uma janela para o corredor interno, mas para 1 noite foi bom.

Clique aqui para ver fotos, preços e fazer sua reserva na Pousada Barrancas.

Separamos abaixo mais opções muito boas de hospedagem em Piranhas, para todos os estilos de viajantes e orçamentos:

Rota do Cangaço: quanto custa?

Reunimos abaixo todos os gastos que tivemos para fazer a Rota do Cangaço, para que você possa se planejar. Confira!

  • 1 diária em quarto duplo na Pousada Barrancas, em agosto/2021, com café da manhã incluído: R$190
  • Passeio Rota do Cangaço com a MF Tur: R$80 por pessoa
  • Trilha do Cangaço: R$20 por pessoa
  • Guarda-volumes no Cangaço Eco Park: R$20,00
  • Almoço no Cangaço Eco Park (frango grelhado para 2 pessoas e jarra de suco): R$78
  • Picolé gourmet: R$7
  • Água de coco ou garrafinha de suco: R$5

Tem dúvidas ou mais dicas sobre a Rota do Cangaço? Deixe nos comentários! :)


Leia todos os nossos posts sobre Sergipe

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– Cânions do Xingó no Rio São Francisco: tudo sobre o passeio

– Onde ficar em Piranhas: base para conhecer o Rio São Francisco

– Passeio à Lagoa dos Tambaquis e Praia do Saco, em Aracaju