Pacific Crest Trail (PCT): relato, dicas e informações da trilha
A Pacific Crest Trail, conhecida como PCT, é a trilha que atravessa os Estados Unidos da fronteira sul à norte, ou o contrário. Em 2021, nossa amiga Lara percorreu esse caminho ao longo de 5 meses e veio nos contar nesse post como foi essa aventura, com todas as emoções e perrengues que viveu. Vamos começar o post com esse relato incrível e, em seguida, ela explica tudo o que você precisa saber para fazer a PCT, com dicas e informações da trilha.
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PCT: o início de um sonho
A primeira vez que ouvi falar que existiam no mundo trilhas que as pessoas percorriam a pé por um mês inteiro, ou até mais, eu tinha dezesseis anos. O meu primo acabara de voltar do Caminho de Santiago de Compostela, em que percorreu os quase novecentos quilômetros do Caminho Francês em um mês. Me contava sobre as amizades que fez, os quilos que perdeu, os sanduíches de Jamón e eu fiquei imediatamente fascinada pela ideia. Parece loucura que um ser humano com seus pequenos passinhos possa chegar tão longe.
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Dalí em diante, percorrer o Caminho de Santiago entrou pra minha lista de sonhos. Em 2014 esse sonho ganhou um desafiante quando fui ao cinema assistir Livre (Wild), filme com a Reese Witherspoon baseado em livro de mesmo nome, em que a personagem Cheryl Strayed percorre um trecho dessa trilha chamada PCT (Pacific Crest Trail) por três meses. Talvez seja esse filme, que acabou de entrar na Netflix, que te trouxe até aqui.
A história desse filme é real, mas entre os trilheiros experientes americanos há um certo desdém para com a Cheryl Strayed já que ela não percorreu a trilha inteira: eu chamo isso de recalque. Ela é uma escritora maravilhosa e introduziu esse universo para pessoas como eu, aqui do Brasil, que talvez nunca teriam ouvido falar disso de outra forma. Mas eu divago…
Quando assisti ao filme, achei que era uma loucura… imagina que saco montar barraca e desmontar todos os dias, enfrentar calor e frio e escassez de água e comida! Ao longo dos anos, entretanto, essa ideia começou a crescer dentro de mim. Meses caminhando, preocupando-se apenas com comer e dormir, parecia dissolver as ansiedades da vida cotidiana.
É um plano difícil, com certeza, mas é também simples. Acordar, caminhar, comer, dormir, repetir. Eu acho que consigo lidar com isso. Ter uma meta clara, ter o plano traçado para atingir essa meta. Longe de tudo, em meio à natureza. De repente o caminho de Santiago, com seus albergues, restaurantes e taças de vinho, pareceu urbano demais. Eu queria ir para as Montanhas.
O caminho até a PCT
Comecei a assistir a vídeos no YouTube de pessoas que já tinha percorrido a trilha, que estavam lá, que falavam sobre equipamentos, comida, logística, desafios, lesões, amizades, e cada vídeo que assistia trazia mais cinco como sugestão e assim eu passei o ano inteiro de 2019, construindo e solidificando esse sonho dentro de mim. Na época, morava em Londres e visitava semanalmente lojas de equipamentos de montanhismo. Uma amiga, ouvindo meus planos, me chamou pra fazer uma travessia de uma semana na Escócia.
Talvez seja importante eu contar aqui que a maior trilha que já havia feito até então era a Travessia de meia Ilha Grande (história que eu compartilhei aqui nesse post): quatro dias em clima tropical, sem nenhuma variação relevante de altitude.
Fui pra Escócia com o objetivo de aprender a montar e desmontar uma barraca, quais comidas carregar e como cozinhar na montanha e descobrir como me sentia caminhando por horas com uma mochila nas costas. Aprendi muito nessa trilha e, com certeza, o convite dessa minha amiga foi definitivo para que eu realizasse, anos depois, meu sonho de percorrer a PCT.
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A ideia era partir em 2020, mas minha vida deu cambalhotas e que bom que não fui, pois a COVID chegou desmanchando os sonhos dos trilheiros daquele ano. Mas em 2021 decidi tentar a sorte. A pandemia apresentava algumas complicações, mas a vida em São Paulo andava meio parada, o momento era propício.
Em janeiro, abriram-se as inscrições para conseguir uma Permit (permissão para percorrer a trilha) e, sem pensar muito, entrei no site. Consegui um lugar na fila, 9345, fiquei com medo de não sobrarem vagas quando chegasse a minha vez, mas depois de três horas de muita tensão lá estava o calendário na minha frente, com a data perfeita em verde. Cliquei no dia 27 de abril e, ainda tremendo, fiz a solicitação.
O que eu estava fazendo? Sejamos bem realistas, eu não era uma montanhista, eu não tinha nenhum equipamento, eu teria que voar pro México pra conseguir entrar nos Estados Unidos por conta das restrições da COVID, tudo parecia uma ideia muito louca e até impossível. Mas eu passei os três meses seguintes estudando e me preparando (mentalmente, fisicamente ficou na mão de Deus!).
Meu planejamento para a PCT
Primeiro de tudo, queria entender como funcionava o dia-a-dia na trilha. Eu tinha muitos medos: me perder na montanha, ficar sem água, não saber como ir até uma cidade próxima… mas sorte a nossa, diferentemente de quando Cheryl Strayed percorreu mil milhas da PCT em 1995, em 2021 temos tecnologia! Com o celular, acessei o aplicativo FarOut (antigo Guthook Guides), um app de mapas de trilhas que pode ser acessado com o GPS do celular mesmo Offline (se você é trilheiro no Brasil, talvez use o Wikiloc – bom, esse é o Wikiloc x 1000).
É desse app que dependem os trilheiros para saber por onde andar, onde dormir, onde buscar água e tudo o mais. Passei dias brincando com ele, explorando seus recursos. Minha meta era ter alguma clareza de como seriam os três primeiros dias para que pudesse ter comida suficiente e ir em um ritmo que soubesse que aguentaria, sem me forçar demais. O resto confiei que aprenderia na prática.
O segundo passo era escolher e comprar meus equipamentos – etapa super importante, pois o peso que eu carregasse podia determinar o sucesso ou fracasso dessa aventura. Assisti horas de reviews e li incontáveis posts comparativos sobre tênis, mochilas, saco de dormir, barraca, fogareiros, acessórios. Decidia e mudava de ideia, calculava os preços, ponderava as opiniões, não tinha como ter certeza, mas fiz minhas compras e mandei tudo pra casa de uma amiga em São Francisco.
Finalmente, precisava pensar na logística. Comprar passagens, seguro viagem compreensivo, checar que estava tudo certo com visto. Seria uma viagem longa, teria de passar 14 dias fazendo quarentena no México para só então poder cruzar para os Estados Unidos. Com tudo planejado, dentro do possível, foi chegando a hora de partir.
Três dias antes do meu voo, alguns aeroportos da América Latina fecharam e recebi um email que meu voo havia sido cancelado. Assim, sem nenhuma alternativa, liguei e fiquei horas no telefone até conseguir resolver: São Paulo – Santiago – Lima – Cidade do México, com mais de 24 horas de duração. Tudo bem, vamos lá.
Cheguei no aeroporto e quase perdi o voo porque precisava de um FaceShield para embarcar para Lima. Fui, desesperada, do aeroporto até minha casa e voltei com o Face Shield a tempo de entrar no avião na última chamada. Passei quatorze dias explorando a Cidade do México e só então voei para São Francisco, onde os agentes de imigração quase não me deixaram entrar porque não acreditaram na minha história de que passaria cinco meses nas montanhas. Enfrentei cada um desses obstáculos com uma certeza inabalável de que eu ia fazer dar certo.
Após alguns dias organizando minha mochila e me familiarizando com os equipamentos, parti para San Diego, onde consegui uma carona do aeroporto até o ponto de início da trilha. Meu estômago revirava. Finalmente eu estava ali, aquela aventura que parecia impossível estava acontecendo.
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Minha aventura na PCT começa
Conheci algumas pessoas que começariam a trilha no dia seguinte. Conversamos à noite contando de nossos preparos e do porquê de estarmos ali e montei minha barraca nessa primeira noite no acampamento base, antes de começar a trilha. Na manhã seguinte era oficial, coloquei a mochila nas costas e percorri cerca de uma milha até o monumento do Southern Terminus, que fica junto à fronteira com o México.
Uma sensação indescritível se apoderava de mim. Ver aquele monumento de madeira, o muro da fronteira, todas aquelas pessoas de mochilas nas costas tão felizes quanto eu de estarem realizando um sonho juntas. Tudo isso era uma felicidade quase etérea.
Deserto
Comecei a caminhar por volta das 9h da manhã sob o sol escaldante do deserto. Nesse primeiro dia, não havia fontes confiáveis de água, então carregava 5 litros nas costas, além de uma quantidade completamente desnecessária de comida e uma dezena de itens que eu despacharia dali uma semana, pois descobri que eram completamente desnecessários (o Kindle foi o primeiro deles). As pessoas que partiram comigo logo me deixaram pra trás e aquela alegria abstrata foi dando espaço para realização brutal do que eu estava fazendo ali: as montanhas são íngremes, a mochila é pesada, tá um calor do cão e o pior, eu sou lerda.
Eu sabia que muitas pessoas andavam 20 milhas no primeiro dia até um vilarejo próximo com água disponível. Os trilheiros não gostam de “acampar a seco”, sem nenhuma fonte de água por perto. Também sabia que nunca tinha andado 20 milhas em toda a minha vida e provavelmente seria inteligente não ir com sede demais ao pote. Me propus a andar 11,6 milhas no primeiro dia, então poderia ir com calma, tinha o dia todo pra chegar lá.
No fim do dia, cheguei ao local que havia marcado no mapa como destino e uma outra pessoa já estava acampada lá, uma trilheira do Texas, tinha cruzado com ela mais cedo. Montei minha barraca ao lado dela e começamos a conversar, mal sabia eu que a Rebecca seria minha parceira nesta jornada até o fim.
No dia seguinte, compartilhei minha estratégia com minha nova amiga: eu pretendia andar 13 milhas, 14 no terceiro dia e ir progredindo assim lentamente. Pensava que entre 16 e 18 milhas por dia era um bom objetivo para começar e ela concordou comigo, já que também não tinha experiência. Assim fomos nos incentivando uma a outra no calor, nas subidas intermináveis e nos longos trechos sem água.
A primeira parada foi na cidade de Julian e decidimos descansar um dia, pois o joelho da Rebecca estava dolorido. Em Julian, os trilheiros apressadinhos recebem a conta de sua empolgação: muita gente já estava na cidade há dias tentando se recuperar de lesões por terem começado forte demais. Fiquei feliz por estar me sentindo bem, mesmo andando mais devagar que a maioria.
A primeira parte da PCT são 700 milhas pelo deserto e o calor é debilitante. Em muitos momentos não há sombra e nem água por perto. Muitos trilheiros começam e terminam suas caminhadas por ali. Eu não estava imune a esse sofrimento: por ser mais lenta, caminhava mais horas que meus amigos, estava sozinha a maior parte do dia e não podia parar para descansar com frequência.
Eram 12 horas por dia que em muitos dias eu passava chorando. Mas uma mágica acontecia dentro de mim cada vez que pisava no acampamento e via meus amigos. Talvez fosse a descarga de endorfinas resultante de tanto exercício ou a exposição ao sol e à natureza, mas eu me sentia absolutamente feliz, plena e grata por estar ali, vivendo esse sonho. Montava minha barraca, fazia o meu miojo e conversávamos até adormecer (às 9 da noite, pontualmente).
Levamos dois meses para atravessar o deserto e chegar no paraíso prometido de Kennedy Meadows South, a porta para as Sierras, segunda parte da trilha com quase 400 milhas. Depois de alguns dias de descanso, carregamos nossas mochilas e começamos a longa subida para as altas montanhas, onde teríamos de lidar com longos trechos sem paradas, altitudes de mais de 4 mil metros, passes de montanha desafiadores. Mas, em compensação, seríamos presenteados com paisagens deslumbrantes.
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Serra Nevada (The Sierras)
O primeiro trecho nas Sierras é o início da subida e foram 10 dias sem banho e com comida contada. Chegamos na cidade famintos, mais fortes e mais magros. Fiz muitos amigos pelo caminho, mas eu e Rebecca (que ganhou o apelido de Willie Nelson) éramos uma dupla.
Fiquei muito triste quando, nessa primeira parada nas Sierras, ela me disse que voltaria pra casa. O trecho havia sido duro e ela sentia falta de sua casa e de seu marido (mas principalmente de seu cachorro). Eu fiquei desolada. Nos despedimos chorando, achando que não nos veríamos mais e voltei pra montanha com uma sensação de vazio.
O próximo trecho seria um dos mais duros da trilha: 9 dias com um passe de montanha por dia e com o tempo instável, muita chuva e o pior, raios. Foram dias desafiadores, mas ficava um pouco mais forte a cada milha subida. No terceiro trecho das Sierras, meu ânimo já estava abalado. Meu corpo dolorido e subnutrido reclamava, me sentia sozinha sem minha parceira, apesar dos outros amigos. Queria um descanso e considerei pular algumas milhas à frente, para descansar uns dias enquanto meus amigos não chegassem.
Mas a trilha tem suas mágicas e quando você precisa de algo, ela provê. Chegamos em Kennedy Meadows North, onde nos hospedamos por duas noites em um hotel fazenda, que servia uma comida maravilhosa e onde tinha um bar em que dancei country com o guitarrista da banda America. Passei dois dias descansando, comendo e compartilhando boas risadas com meus companheiros e, milagrosamente, me senti pronta pra seguir em frente e finalizar o último trecho das Sierras.
Norte da Califórnia
Em Lake Tahoe, começa a terceira parte da PCT, Northern California, com mais 600 milhas percorrendo esse estado interminável. Começamos a caminhada rumo ao marcador de metade da trilha, mas os incêndios florestais interromperam nosso percurso. Chovia cinzas, o céu estava laranja e não dava pra ver o sol. Nossos olhos lacrimejavam e sem poder respirar, optamos por saltar 400 milhas pra frente, na esperança de encontrarmos um cenário melhor. E foi assim que cruzamos para Oregon, em tempo recorde.
Alguns trilheiros são caxias e consideram esses cortes de caminho inaceitáveis. Eu, entretanto, não sou patrocinada, não estava competindo por nenhum prêmio e nem buscando a validação de ninguém. Preferi poupar minha saúde e fazer o que dava pra fazer. No fim das contas, como sou lenta, esse tempo que ganhei garantiu que chegasse até o final antes do inverno. Perdi NorCal, mas ganhei todo Washington, valeu a pena. Ainda quero voltar para percorrer as milhas que saltei, mais uma desculpa pra passar uns tempos na montanha.
Oregon
Oregon é a penúltima parte da trilha, com quase 500 milhas, um pouco mais plana, mas ainda com paisagens incríveis. Começamos em meio à fumaça, que foi se dispersando nos dias seguintes. Na primeira parada, em Ashland, precisei de um dia a mais na cidade e acabei me perdendo dos meus amigos. Pela primeira vez, desde o início da trilha, caminhei sozinha por um trecho inteiro. Fiz 25 milhas todos os dias naquela semana, refleti muito sobre a minha experiência até ali. Não me senti sozinha, me senti potente. E qual foi minha surpresa quando na parada seguinte reencontrei a Rebecca!
Ela voltou e começou em Oregon, estava com saudades da trilha, ainda não tinha terminado sua aventura ali. Nos encontramos no TrailDays, festival que reúne todos os trilheiros do ano, marcas de equipamentos, música, jogos, comida. Passei dois dias me divertindo, reencontrando pessoas que deixei pelo caminho e, quando voltei pra trilha, não estava mais sozinha: minha dupla voltou e estávamos mais unidas que nunca. O restante de Oregon passou voando.
Washington
Cruzamos a Bridge of the Gods adentrando o estado de Washington, última parte da PCT, com quase 500 milhas, terreno muito acidentado e paisagens avassaladoras. Muitas pessoas consideram as Sierras seu trecho preferido, mas para mim, o melhor de todos foi Washington. Que estado espetacular! Depois de tudo que passei, me sentia muito forte e confiante de que chegaria até o Canadá e essa confiança me manteve disposta durante todo esse último mês.
Caminhávamos entre 20 e 22 milhas todos os dias e mantivemos um bom ritmo, até que no penúltimo trecho, fomos freados por uma tempestade que despejou uma água fria e constante em nossas cabeças por dois dias seguidos. O tempo começava a mudar. Ensopados, decidimos descer da montanha e reavaliar. Conseguimos uma carona até nossa última parada e, sob a ameaça constante da primeira nevasca do ano, partimos rumo ao Canadá uma última vez.
Na manhã do dia 26 de setembro, deixei o acampamento apenas com algumas barras de cereal e uma mini garrafa de espumante e percorri, quase correndo, as últimas seis milhas que me separavam do Canadá. Lá estava ele, o monumento final, o Southern Terminus, cinco meses exatos desde minha partida do México.
Chorei emocionada. Passamos algumas horas ali, celebrando nossa conquista e compartilhando nossas histórias, mas aquele ainda não era o fim. Em anos anteriores, os trilheiros caminhavam 7 milhas para dentro do Canadá até um vilarejo e, de lá, voltavam aos EUA. Mas devido à COVID, a fronteira estava fechada e teríamos de caminhar mais 30 milhas de volta à estrada mais próxima e uma tempestade se aproximava.
As últimas milhas
Chegamos ao acampamento tarde da noite sob uma chuva fina que foi engrossando noite adentro. De manhã, milagrosamente o sol apareceu. Seriam as minhas últimas 24 milhas naquela trilha, as últimas 24 milhas dessa aventura, as 24 milhas mais difíceis que já percorri.
Meu corpo todo doía, o cansaço físico e emocional era palpável. Mas a trilha ainda tinha uma última mágica pra nos ofertar. Chegando ao acampamento, encontramos um grupo de peões que estavam morando ali pela temporada, cuidando dos cavalos. Fomos convidadas para o jantar de aniversário de uma delas, com direito a carne assada, bolo, vinho e abrigo de uma tenda com fogueira para dormirmos e secarmos nossos equipamentos ensopados da noite anterior. Foi uma noite perfeita de encerramento. Acordamos na manhã seguinte com a neve caindo suave e as montanhas salpicadas de branco, enquanto os cavalos desciam em nossa direção.
Relendo meu relato até aqui, me vêm lembranças de anedotas e incidentes que não compartilhei. Tantas histórias eu poderia contar sobre cada dia caminhando, cada parada de descanso nas pequenas cidades idílicas da Califórnia, mas então este post teria de virar um livro. Vou deixá-los então por aqui, mas pra quem ficou com um gostinho de quero mais, fico aberta às suas perguntas. É sempre um prazer compartilhar sobre essa aventura tão especial!
Leia a seguir as informações básicas sobre a PCT e todas as minhas dicas para você se preparar e fazer essa trilha incrível também.
O que é a PCT e qual a distância da trilha
A Pacific Crest Trail é uma trilha contínua nos Estados Unidos, que vai da fronteira com o México, na cidade de Campo, Califórnia, até a fronteira com o Canadá, no estado de Washington. Com um total de 2650 milhas ou 4265 quilômetros, a trilha atravessa pelas partes mais altas as cadeias montanhosas da Serra Nevada e das Cascades, cruzando três estados: Califórnia, Oregon e Washington.
A trilha cênica pode ser percorrida a pé ou a cavalo e atravessa desertos, altas montanhas e florestas, passando por 25 Florestas Nacionais e 7 Parques Nacionais. A elevação da trilha varia de 34 metros de altitude ao cruzar a Bridge of the Gods, até seu ponto máximo, o Forrester Pass, com 4 mil metros de altitude, próximo ao Mount Whitney, o pico mais alto dos Estados Unidos continental (excluídos Havaí e Alaska).
A PCT foi designada como Trilha Cênica Nacional em 1963, porém sua conclusão foi apenas em 1993. Nos EUA, existem 3 trilhas longas as quais são chamadas de Triple Crown: a PCT, a CDT (Continental Divide Trail) e AT (Appalachian Trail).
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Quanto tempo leva para fazer a PCT
Percorrer a PCT inteira leva de quatro a seis meses e os trilheiros que o fazem são chamados de Thru-hikers. É estimado que aproximadamente 1000 pessoas se lancem nessa aventura a cada ano, mas apenas 14% a 35% delas chegam ao seu destino final.
Qual a melhor época para fazer a PCT
A PCT pode ser percorrida na janela de tempo entre a primavera e o início do outono. Quando percorrida de sul ao norte (No-Bo, mais comum), a partida deve ser idealmente entre o final de março e o começo de maio. É necessário esperar que a neve nos pontos mais altos da Serra Nevada derreta um pouco antes de atravessar a região e também chegar ao Canadá antes das primeiras neves do outono.
Para quem vai de norte a sul (So-Bo), a janela começa um pouco mais tarde no ano. É desejado sair do Canadá já próximo ao verão, em busca de temperaturas mais amenas, e chegar ao deserto da Califórnia no outono, quando já passou o pior do calor.
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Como funciona a PCT
A maior parte da trilha percorre regiões remotas, então os thru-hikers se planejam para trechos de 5 a 10 dias de cada vez, parando nas pequenas cidades ao longo do caminho para se reabastecer, comprar comida, lavar roupa, descansar um dia, tomar um banho e depois seguir para mais um trecho.
Para se planejar, utilizamos um aplicativo com o mapa da trilha e todos os marcadores importantes: onde tem água, os melhores lugares para acampar, qual o ganho de elevação de determinado trecho ou quantas milhas separam o ponto A ao ponto B. Assim, decidimos quanto vamos caminhar em cada dia, quanto de comida temos que levar em determinado trecho ou quanto de água carregar pelos próximos quilômetros.
A maior parte dos trilheiros que percorre a PCT são auto-suficientes, o que quer dizer que carregam suas barracas, sacos de dormir, água e sistema de filtragem, comida e fogareiro. Durante a trilha, o banheiro é a natureza e, para minimizar o impacto causado pelo grande movimento de pessoas, existem regras para como sermos educados, cavando um buraco de 15 cm (cat hole) e levando embora todo o lixo que produzimos, incluindo papel higiênico.
Na trilha, é normal passarmos dias sem poder tomar banho. Então, para garantir a higiene, na minha experiência, a melhor alternativa são os lencinhos umedecidos e, assim, eu tomava um “banho de gato” todas as noites (pode esquecer o desodorante, ele será inútil).
A alimentação consiste majoritariamente em comidas desidratadas (miojo, purê de batata, comidas de montanhismo), barras de proteína/cereais, castanhas, doces, atum e outras coisas que tenham alta densidade calórica (mais caloria por peso). Um thru-hiker anda muito, gasta muita caloria e tem pouco acesso a uma dieta equilibrada, por isso é importante se alimentar da melhor forma que puder, especialmente nos dias em que estiver em uma cidade.
Cada trilheiro tem seu próprio ritmo e seu próprio planejamento de tempos e distâncias, mas para dar um exemplo, no meu caso caminhava entre 15 e 25 milhas por dia. A rotina na trilha é simples: acordar cedo (principalmente no deserto, para avançar o máximo antes de o sol ficar muito quente), caminhar de 8 a 12 horas, montar acampamento, comer e ir pra cama, de preferência antes das 21h.
Para ir para alguma cidade, geralmente saíamos em algum ponto em que a trilha cruza uma estrada e pegávamos carona. Existe toda uma comunidade em volta da trilha e dos trilheiros. Muitas vezes, pessoas que chamamos de trail angels se voluntariam para dar carona aos trilheiros ou até distribuindo comida em alguma cabeceira de trilha. Entre os trilheiros, é comum que formem-se trail families: famílias que caminham e fazem planos juntos. Ainda que vá sozinho, é raro permanecer assim.
Como se planejar para fazer a PCT
Você é maluca! Mas eu também sou. Como faço pra viver isso também?
Visto e Permit
Bom, primeiro de tudo, você precisará de um visto de turista americano, mesmo que tenha passaporte europeu. Isto porque o visto de turista permite uma estadia de até 6 meses, enquanto com o ESTA, visto europeu, você precisará sair do país depois de três meses para só então voltar e continuar a missão. Em segundo lugar, você precisará conseguir a Permit, permissão da Associação do PCT (PCTA) para percorrer 500 milhas ou mais.
As inscrições geralmente abrem em outubro de cada ano para o ano seguinte e são gratuitas. É importante se registrar no dia em que abrem as inscrições. Sabe como é quando você quer comprar ingresso para aquele show super concorrido? É o mesmo esquema: você vai receber um lugar na fila e quando chegar a sua vez poderá ver quais datas ainda estão disponíveis para início (são 50 vagas por dia durante a temporada).
Se você pegar um número muito alto na fila, não se desespere! Eu peguei o número 9000 e tralalá e 3 horas depois, quando chegou minha vez, consegui a data próxima do que eu considerava ideal! Esse controle existe para preservar a natureza ao redor da trilha, não deixando que muita gente fique acumulada em um mesmo ponto.
Equipamentos
Garantida sua Permit, é hora de começar a pensar em equipamentos. Assista a vídeos no Youtube, leia reviews nos blogs de aventura, pesquise nas lojas. Essa lição de casa é a preparação mais importante para o seu sucesso. O peso e adequação do que você vai carregar nas costas são cruciais para o seu conforto ao longo do caminho. Você já vai sofrer bastante, então melhor sofrer sabendo que tem um saco de dormir gostosinho no fim do dia e que sua mochila tem um peso que não te quebre.
Eu sou realmente apaixonada pelos itens principais do meu “kit”, mas não acertei de primeira. Tive que trocar meu tênis e minha mochila logo no início porque não estavam me servindo bem. Mais pra frente vou descrever em detalhes os itens que são essenciais e os artigos de “luxo” que você vai precisar avaliar.
Seguro de saúde e passagens
Se aproximando da data de partida, é preciso acertar toda a logística da sua viagem, como garantir um seguro de saúde, que é super importante! O do cartão não cobre por 6 meses, então atenção aqui, porque o sistema de saúde nos EUA é caríssimo e você estará praticando uma atividade com alto risco de lesão.
Sabemos por experiência própria que vale a pena comprar um seguro viagem com antecedência, no caso de passar mal e precisar de um médico. Recomendamos a Seguros Promo, onde você faz a busca colocando as datas e destinos da sua viagem e ele já dá uma lista comparando vários seguros disponíveis na internet, por ordem de preço. Se quiser saber mais como funciona, acesse esse post.
Você vai precisar também da passagem até São Diego, talvez considerando um tempinho antes para visitar lojas e comprar os equipamentos que faltam. Em seguida, terá que conseguir uma carona ou descobrir um meio de chegar até Campo, onde inicia a trilha. Existem grupos do Facebook que reúnem Trail Angels, essas pessoas que dedicam tempo para auxiliar os trilheiros. Lá é possível organizar caronas, conhecer outros trilheiros que talvez comecem no mesmo dia que você e até conseguir um lugar pra dormir nos dias anteriores ou para onde enviar pacotes de coisas que comprou online.
Uma dica é encontrar as melhores passagens através da Omio – uma buscadora de trens, ônibus, vôos e balsas na Europa, Canadá e Estados Unidos. É muito mais barato que qualquer outro site! Depois de comprar suas passagens, você baixa o app e os bilhetes com QR code já ficam lá certinho. Super seguro e recomendamos! Clique aqui para encontrar a melhor rota para você, se informar sobre horários e já reservar seus bilhete.
Treino e condicionamento físico
Em paralelo a todo esse planejamento, claro, ajuda se você der um up nos treinos. Talvez uma mochila com pesos enquanto faz esteira com inclinação? Umas corridinhas, uma musculação, algumas trilhas aqui e ali, um acampamento para testar como se sente. Tudo vai ajudar para que os primeiros dias não sejam um choque.
Mas não se iluda – o corpo vai sentir, então aprenda rápido a ouvir as necessidades dele. Não ignore dorzinhas estranhas ou o descanso, vá no seu ritmo construindo sua resistência dia a dia. O que mais tira pessoas da trilha são lesões ou burnout por tentar entrar num ritmo que não é o seu.
E é isso, baixe o app FarOut, compre a trilha do PCT para entender como funciona, mas o dia-a-dia você vai aprender na prática. Querendo conversar mais, tirar dúvidas, acalmar angústias, pode me chamar!
Quais equipamentos levar na PCT
Não é o meu objetivo aqui entrar em detalhes sobre a escolha dos equipamentos, marcas, tipos… na internet tem uma infinidade de reviews e avaliações para te ajudar a escolher o que é melhor pra você, mas se precisar de um direcionamento pode me chamar que eu ajudo! Por hora, queria apenas dar uma ideia do que consiste a mochila do trilheiro.
Para mudar-se para as montanhas por cinco meses, você precisará de equipamentos leves e funcionais. Cada pessoa tem seu limiar de conforto, então o seu kit específico pode ser diferente do meu, mas vamos lá.
Big 3
Começando pelos indispensáveis, chamados de “big 3” entre os trilheiros: a mochila, o sistema de dormir e o abrigo (shelter). Sua mochila deve ser leve, transferir bem o peso para os quadris e ter em torno de 50 litros, claro, podendo ser menor caso você se enquadre nos trilheiros ultralight, mas não é o caso da maioria de nós. Maior que isso eu não recomendo, porque significa que você quer carregar mais peso e isso vai cobrar um preço alto das suas costas e joelhos.
Há quem use saco de dormir sintético, mas os de pena costumam ser muito mais leves e esse é nosso principal balizador de escolhas. Em torno de -5 graus de conforto deve ser suficiente, se não pegar um ano muito nevado. Há quem prefira os quilts ao invés dos sacos de dormir tradicionais: eles não têm capuz nem a parte de baixo. A lógica desse equipamento é que a parte de baixo não faz grande diferença no aquecimento, estando comprimida (o que esquenta é o ar que fica entre as fibras/penas do saco). A ausência de capuz é para ficar mais confortável pra se mexer, principalmente pra quem dorme de lado ou de bruços.
Eu usei um quilt e não me arrependo. Por terem menos cobertura, são mais leves e o único ponto negativo pra mim foi que eventualmente quando eu me me virava, entrava um ventinho frio por baixo. Para dormir, você também vai precisar proteger o seu corpo do chão e, para isso, pode usar um colchonete isolante sanfonado, se não se importar de dormir numa superfície mais firme.
Mas existe também o isolante inflável, que é mais fofinho. Ele é um pouco mais pesado e um pouquinho barulhento quando se mexe de noite. Eu usei um inflável, que eu gosto muito e tive a sorte de ele não furar nem uma vez (às vezes os infláveis são perfurados por algo no chão). Já o abrigo é a sua barraca e tem quem escolha não usar, principalmente durante o deserto, mas eu não iria sem.
Roupas
Na categoria de roupas, você vai precisar dos tênis, roupa de trilha, jaqueta e calças impermeáveis para chuva, meias, roupas de baixo e camadas de frio, geralmente uma blusa fleece e uma jaqueta “puffy”, de pena ou sintética.
Os sapatos mais comuns são tênis de corrida em trilha (trail runners), que são levinhos, possuem boa tração na sola e respiram bem. Evite botas pesadas e impermeáveis! É preferível um tênis que molhe e seque rapidamente do que uma bota que segure o suor lá dentro, cozinhando os seus pés.
A maioria dos trilheiros prefere usar shorts do que calças para caminhar e muitos optam por uma camiseta com proteção solar de mangas compridas. Algumas pessoas escolhem carregar uma roupa pra usar nos dias em que estão na cidade e precisam fazer lavanderia e também um par de sapatos para usar no acampamento. Esses são considerados artigos de luxo.
Eu carreguei um crocs todo o trajeto e não me arrependo, para mim valeu o peso. Também comprei em um brechó no caminho um vestidinho bem leve pra usar nas cidades. Como uma boa brasileira, eu levei 3 calcinhas pra que sempre tivesse um par limpo pra trocar à noite e um segundo par de meias que usava somente para dormir. Também usava minha segunda pele como pijama.
Itens de cozinha
Em seguida, os itens de “cozinha”. O kit básico é um fogareiro, panelinha, colher e um recipiente para levar a comida. Durante alguns trechos, é necessário levar a comida em um bear canister, que é um balde de plástico com uma tampa travada, para que os ursos não consigam acessar a comida. Tem quem vá sem fogareiro, fazendo o que chamam de cold soaking, hidratando a comida em água fria mesmo, ao longo do dia, mas eu acho que um miojo quentinho no fim do dia vale todo o peso extra!
Você também vai precisar de um sistema para filtrar a água. Existem filtros portáteis muito bons, que a maior parte dos trilheiros acopla em garrafas de plástico mesmo. As Smart Water têm garrafas ótimas pra isso, que resistem ao uso e são muito mais leves que qualquer squeeze.
Acessórios
Alguns acessórios importantes são os bastões de caminhada (novamente, tem quem não use, mas eu gosto muito) e a famosa pazinha de titânio (trowel) pra você cavar o seu buraco de gato. Sabe… pode parecer besteira, mas é importantíssimo! Cavar um bom buraco é mais difícil do que parece.
Lanterna de cabeça é essencial: escolha uma que tem a luz vermelha também, mais agradável no acampamento. Um pequeno canivete é suficiente, raramente você vai precisar cortar algo além de um queijo. E claro, um power bank para mantermos nossos eletrônicos carregadinhos, entre 10k e 20k maw é suficiente.
Coloco nesta categoria também os seus itens pessoais, kit de primeiro socorros, necessaire, boné, óculos escuros (de preferência polarizados para que sejam úteis em trechos com neve). Alguns acessórios são chamados de itens de luxo, não sendo tão necessários, mas adicionam conforto. Travesseiros, sapatos para o acampamento, roupa para a cidade, kindle, cartas ou jogos, bolinhas de massagens… São itens comuns, mas só você pode dizer o que você precisa, quer e está disposto a carregar para fazer da sua experiência na trilha a melhor possível.
Segurança
Por último, alguns itens de segurança. Muitos trilheiros carregam localizador via satélite, tipo spot ou garmin, para que possam pedir ajuda em eventuais emergências. Em trechos com neve, você vai precisar de um sistema de tração para o tênis, chamado crampon ou micro spikes, e um machado de gelo (ice axe) que pode te segurar em partes escorregadias.
Tudo isso reunido dentro da sua mochila vai resultar no seu peso base, que é tudo que você carrega menos água e comida. O ideal é que esse peso fique abaixo de 10kg.
Checklist: o que levar na PCT
Big Three:
- Mochila
- Barraca
- Saco de dormir
- Isolante térmico
Roupas:
- Tênis
- Segunda pele (sugestão: usar como pijama)
- 2 pares de meia (dormir e caminhar)
- 3 calcinhas/cuecas (rotacionar e lavar na mão)
- Calça e jaqueta impermeáveis
- Shorts
- Camiseta de manga comprida com proteção solar para caminhar
- Jaqueta “puffy”
- Fleece para os trechos de mais frio
- Luvas
Sistema de cozinha:
- Fogareiro
- Panelinha
- Colher
- Saco de comida/bear canister
- Filtro de água
Acessórios:
- Lanterna de cabeça
- Bastões de caminhada
- Bandana
- Powerbank, cabos
- Pochete (para guardar os snacks)
- Boné/chapéu
- Óculos escuros polarizados e leves
- Canivete (um pequenininho é suficiente)
- Isqueiro
- Lenços umedecidos
- Necessaire (tudo em tamanho viagem, menos itens possível)
- Kit básico de primeiros socorros
- Trowel (pazinha pra cavar o seu buraco)
- Ice axe, crampon/micro spikes (para trechos com neve)
- Localizador via satélite
Ítens de luxo:
- Bola de massagem
- Roupa pra cidade
- Sapato pro acampamento
- Kindle
- Travesseiro
- Etc…
Quanto custa fazer a PCT?
Apesar de a Permit da PCT ser gratuita, percorrer esse trajeto, infelizmente não é. O mais caro da experiência é definitivamente os equipamentos, seguidos da logística de passagens. A vida na trilha em si não é muito cara, pois você dormirá na montanha carregando comida do supermercado. Os dias mais caros são quando você passa pelas cidades pagando hoteis, restaurantes, lavanderia e umas cervejinhas.
Como parâmetro, costuma-se recomendar 1000 dólares por mês para a vida na trilha. Eu gastei em torno de 10 mil dólares no total, contando com passagens e equipamentos, sem fazer restrições ao longo do caminho. Como tudo na vida, você pode fazer escolhas mais baratas de restaurantes, nos supermercados, ficar em menos hoteis ou dividir com mais pessoas, parar menos dias nas cidades, buscar equipamentos usados, conseguir uma passagem com milhas, etc.
Qual moeda levar para os Estados Unidos
Nos Estados Unidos, a moeda utilizada é o Dólar e a melhor pedida para câmbio é, sem dúvida, usar o cartão multimoedas pré-pago da Wise. É um cartão Visa que funciona no modo débito com senha ou aproximação.
Você carrega a moeda que quiser na sua conta Wise, pelo aplicativo, pagando por PIX da sua conta bancária brasileira, e tem a melhor cotação de câmbio de todas. Além disso, o Wise funciona como um cartão de débito internacional e te deixa sacar dinheiro em praticamente qualquer caixa eletrônico!
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Vocabulário da PCT
Base weight – “peso base”, peso de todo o equipamento na mochila menos água e comida
Big 3 – os 3 principais equipamentos: mochila, barraca e saco de dormir
Cache – um estoque de água, geralmente deixado em lugares em que não há muita água disponível
Cairn – totem, pequenas “torres” de pedras empilhadas para marcar o caminho
Camel up – beber muita água de uma vez para repor a hidratação e não precisar carregar tanta.
Cat hole – buraco que deve ter pelo menos 15 cm de profundidade para fazer as necessidades
Cowboy camping – bivaque, acampar sem barraca, dormir a céu aberto
Dry camping – acampamento seco, passar a noite onde não tem água por perto
Hike your own hike (hyoh) – “trilhe sua própria trilha”, ditado que os trilheiros usam que quer dizer: andar no próprio ritmo e de acordo com as próprias vontades, pra não se deixar entrar na onda dos outros.
Hiker hunger – “fome de trilheiro”, quando nada aplaca a fome voraz
Hiker midnight – meia-noite na trilha é 21h
Hikerbox – caixa para trilheiros deixarem o que não querem mais e pegarem o que precisam
Hikertrash – trilheiros que percorrem caminhos de longa distância aos poucos vão ficando com as pernas incrustadas de sujeira, roupas rasgadas e manchadas, barbas e cabelos desgrenhados, comem qualquer coisa, por isso são uma categoria “lixo” de trilheiros
Leave no trace – “não deixe rastros”, conjunto de regras para todos os que frequentam áreas de preservação da natureza não deixarem resquícios de sua passagem
Nero – contração de “near zero”, dia em que se caminhou pouquíssimas milhas
NoBo – contração de “north bound”, trilheiros que caminham do sul rumo ao norte
Purist – “puristas”, aqueles que não querem pular nem uma milha da trilha oficial
Ramen bomb – “bomba de miojo”, que é o miojo com purê de batata em pó
Resuply – “reabastecimento”, parada na cidade para comprar comida antes de seguir para o próximo trecho
Slack pack – caminhar sem mochila (em oposição a backpack)
SoBo – contração de “south bound”, trilheiros que caminham do norte rumo ao sul
Stealth camp – acampar em lugares proibidos
The trail provides – “a trilha provê”, ditado comumente repetido para dizer que quando há uma necessidade, a trilha vai trazer a solução
Thru Hike – travessia, caminhada de longa distância
Trail Angel – “anjo da trilha”, pessoas que se voluntariam para ajudar os trilheiros, às vezes com uma carona, às vezes oferecendo comida pelo caminho
Trail Days – festival da trilha que reúne todos os trilheiros daquele ano além de barracas de equipamentos e programação de música e entretenimento
Trail Magic – “mágica na trilha”, quando um trail angel deixa ou oferece comida e/ou bebidas para os trilheiros desavisados
Trail name – apelido de trilha; todos ganham apelidos na trilha e ficam conhecidos pelos outros apenas pelo apelido
Ultralight – “super leve”, trilheiros cujo peso base é menor do que 6kg e fazem questão de exibir o fato sempre que tiverem a oportunidade
Vitamin I – “vitamina” Ibuprofeno; muitos trilheiros tomam Advil como se fosse balinha
Vortex – “redemoinho” que puxa os trilheiros e os deixa presos em determinado lugar por dias, geralmente algum acampamento oferecido por um trail angel, onde tem muita gente e comida e os trilheiros esquecem da trilha e ficam só fazendo social
Zero – dia no qual não se caminhou nenhuma milha, dia de descanso
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