Complexo Pedra do Baú: quais trilhas fazer e como é a via ferrata
Em São Bento do Sapucaí, cidadezinha montanhosa a apenas 200km de São Paulo, você encontra uma mina de aventuras, além de ser um refúgio gostoso para recarregar as energias. O Complexo Pedra do Baú é a atração mais procurada da cidade e aqui vamos te ajudar a definir quais trilhas fazer, de acordo com seu perfil, e explicar como é a via ferrata. Já te adianto que amei a experiência e que indico fazer todas as trilhas possíveis!
Não deixe de ler as dicas práticas no final desse post, que acredito que são informações importantes para quem quer desbravar o Complexo Pedra do Baú. E, claro, veja também nosso post completão sobre São Bento do Sapucaí – o que fazer, onde comer e onde ficar.
O que você precisa saber antes de subir o Complexo Pedra do Baú
A primeira coisa que você precisa saber para subir a Pedra do Baú é que tem muita exposição à altura e ela é a única do complexo que é obrigatório utilizar equipamento de segurança. Além disso, tanto para a Pedra do Baú quanto para a subida na Ana Chata, você precisa ter feito antes uma reserva gratuita no site do MoNa. É apenas para controle da quantidade de pessoas e acho que mesmo em feriados e alta temporada deve ser difícil chegar na lotação máxima permitida.
Não é obrigatório contratar guia em nenhuma trilha do Complexo Pedra do Baú. Não tem como se perder nem nada, as trilhas são bem batidas e sinalizadas, mas uma das vantagens de contratar uma agência de turismo é que você não precisa agendar a trilha por conta própria (apesar de ser um procedimento simples).
Além disso, eles fornecem a cadeirinha com mosquetão e capacete, que são os itens obrigatórios para a Pedra do Baú, sem contar que proporcionam uma experiência mais completa, com informações importantes e todo o apoio que precisar.
Eu fui com a Rotas e Rochas e recomendo muito! Escolhi essa empresa por encontrar melhor custo-benefício e quem me acompanhou foi o Alberto, dono da agência – porque era feriado e todos os guias estavam já ocupados hahaha e que sorte a minha! Além de ser muito simpático e experiente no ramo, o Alberto me deu dicas sobre a cidade, explicou e mostrou toda a paisagem lá no topo do Baú, me incentivou a praticar escalada e trocamos várias ideias. Eu amei a experiência! Leia a seguir os detalhes dessa aventura para te ajudar a decidir quais trilhas fazer.
Ah, o horário de funcionamento do Monumento Natural Estadual da Pedra do Baú é de segunda a domingo e em feriados, das 09:00 às 18:00 (entrada até às 18:00 e permanência até às 18:30). Acesso após às 17:30 com orientação de restrição ao Bauzinho, liberado até o Mirante Caramuru.
Pedra do Baú e via ferrata
Todas as trilhas do Complexo Pedra do Baú possuem muitas subidas – claro, se você quiser chegar no topo de uma montanha e não esperar subida, tem alguma coisa errada né kkk Mas parece que muita gente não vai preparada para o percurso de trilha que tem antes mesmo de chegar na base das pedras. Ela é de nível intermediário, mas para quem não está acostumado com trilhas ou não tem preparo físico, vai ser sofrido. De qualquer jeito, dá para ir, nem que seja bem devagar.
Dito isso, a melhor maneira de chegar na Pedra do Baú é deixando o carro no estacionamento do Chico Bento (a 10km do centro de São Bento do Sapucaí e que custa R$30 em 2024). Você vai andar aproximadamente 2,5km de subida e aí sim chega na base da montanha.
Ali é o lugar de se equipar com a cadeirinha e mosquetão e colocar o capacete. Se você estiver com guia, ele vai na frente, com dois mosquetões para maior segurança e a corda que prende você a ele. Podem ir no máximo 6 pessoas nessa corrente guiada por quem vai na frente.
Mas como é a via ferrata? Bom, é basicamente uma escada com alças de ferro como degraus. Construída em 1954 (é muito antiga né!) por pessoas que queriam subir a Pedra do Baú por esporte mesmo, a via é constantemente averiguada e mantida. É super segura, pode ficar tranquilo! E a subida é de tirar o fôlego, não pelo esforço, mas sim pelo visual.
A via ferrata é de via única, então muitas vezes você vai precisar esperar alguém que está vindo em sentido contrário passar. Em finais de semana e feriados, os bombeiros ficam pendurados em locais estratégicos da pedra para controlar esse fluxo utilizando rádios, mas quando fui, apesar de ser feriado e estar com um bom fluxo, foi tranquilo e a principal comunicação vai sendo de boca a boca mesmo, entre guias e turistas.
Na Pedra do Baú, a via ferrata tem poucas escadas completamente verticais; a maioria tem uma inclinação para dentro da montanha (não tem nenhuma negativa) e facilita bastante tanto em questão de força quanto de vertigem. Tem um lance em particular que é bem interessante: do lado direito você fica com o ombro bem espremido em uma pedra, enquanto que seu lado esquerdo fica praticamente no abismo, porque a pedra faz uma curva para dentro e dá a impressão que parte da via está no ar hahaha é incrível!
A subida completa da via ferrata da Pedra do Baú tem 600 degraus, mas juro que nem parece. Ao final, você chega em um mirante maravilhoso, com a vista mais bonita entre as três pedras do complexo, na minha opinião, e a mais alta (1950m de altitude). Lá tem um corrimão em que se aconselha prender seu mosquetão sempre que chegar perto da beirada. Mas a pedra é larga e até quem não tem coragem de chegar nas pontas pode apreciar a vista com tranquilidade, fazer um lanchinho e recuperar as energias.
Do final da via ferrata à esquerda, no topo da pedra, está o mirante principal e mais bonito, chamado Bico do Baú. Mas se você quiser conhecer o lado direito, conhecido como Bunda do Baú, dá para ir também, são poucos metros de caminhada. No bico, você fica de frente para a Pedra do Bauzinho e, na bunda, vê a Ana Chata. Eu fui dos dois lados, mas claro que a vista mais famosa e impressionante é a do bico e vale muito mais a pena.
Leia também sobre os passeios e trilhas na Estrada Velha de Santos: como escolher o melhor roteiro.
Trilha do Bauzinho
Vamos falar agora da trilha menos valorizada do Complexo Pedra do Baú. Talvez seja por isso que me surpreendeu bastante e espero te ajudar melhor aqui a decidir quais trilhas fazer em São Bento do Sapucaí, se não puder ou quiser fazer todas! Primeiro, pela vista de cima da Pedra do Baú, já dá pra declarar que Bauzinho é uma pedra mil vezes mais bonita que a Ana Chata.
O lance é que a trilha para o Bauzinho é bem fácil, então acho que por esse motivo, o passeio fica um pouco mais sem graça para os aventureiros. Mas aí a gente eleva essa experiência com a dica que vou te dar no final, vai lendo que te conto!
A trilha do Bauzinho fica bem mais longe do centro da cidade. São 25km de uma estrada linda e, de carro, demoramos meia hora até a entrada do MoNa. Dá para ir a partir dessa entrada, por trilha, do Bauzinho até a Pedra do Baú e a Ana Chata, na face sul das pedras, mas é um rolê bem longo.
A trilha do Bauzinho é a única do Complexo do Baú que você precisa pagar entrada (R$18 por pessoa). Isso porque é o único lugar com estrutura de banheiros e lanchonete, além de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida. Se você não for idoso, tiver algum problema de saúde ou qualquer outra condição que reduza sua mobilidade, é obrigatório que deixe seu carro no estacionamento logo após a entrada no parque.
Lembre que a trilha é fácil, mas não deixa de ser subida! Ela pelo menos intercala alguns momentos de descida, dando para recuperar o fôlego. A trilha do Bauzinho é bem mais curta que as outras do Complexo do Baú, você vai levar uns 15 a 20 minutinhos, se não contar o tempo de parada no mirante. Além disso, é bem larga também, porque tem a acessibilidade para carros até quase chegar no topo da pedra, sobrando apenas alguns metros de trilha estreita em mata para alcançar o Mirante Caramuru.
O primeiro trecho da trilha do Bauzinho é calçado e o mais íngreme, mas são apenas 400m. Ele termina no mirante Belvedere, que é um tablado de madeira com uma vista linda. A partir de lá são mais uns 800 metros, em estrada de terra, subidas e descidas, bem tranquilo de fazer. O final é uma pequena trilha em mata fechada, onde não passa mais carro, bem suave, com a construção de degraus de terra para facilitar a subida entre as raízes das árvores.
A vista do pico do Bauzinho é linda – não somente todo o vale e as montanhas e cidades, mas, principalmente, porque você dá de cara com a face mais bonita da Pedra do Baú. E aí para seu passeio ficar mais emocionante, vamos à dica para os aventureiros que nem eu: chegar na pontinha!
A grande maioria das pessoas fica ali nas bases largas de pedra que formam o Mirante Caramuru, mas dá para ir até a ponta, a partir de um corredor estreito da pedra do Bauzinho, chegando mais perto ainda da Pedra do Baú. Mas essa dica é só para quem não tem medo de altura e para quem tem um pouco de experiência e se sente seguro subindo em pedras. Porque além de ser bem estreita a passagem, com abismos dos dois lados e sem nenhum suporte de segurança, tem algumas partes que precisa subir pedras maiores, aumentando sua exposição e risco. Então aprecie com consciência!
Trilha e subida da Ana Chata
A terceira trilha do Complexo Pedra do Baú é a Ana Chata, que também vale a pena ir, principalmente porque tem o mesmo nível de trilha da Pedra do Baú, antes de chegar na base da pedra propriamente dita. O início é exatamente igual ao da subida na Pedra do Baú: deixe o carro no Chico Bento e pegue a trilha até um ponto em que ela vai se dividir. À esquerda, terá o acesso para a via ferrata do Baú e, se continuar reto, chegará na Ana Chata. Uma diferença é que enquanto você sobe só mais uns 300 metros para chegar no Baú, para a Ana Chata ainda ficam faltando 700 metros a partir desse ponto.
Não é obrigatório utilizar equipamento de segurança para subir a Pedra da Ana Chata. No entanto, alguns trechos podem ser desafiadores para quem tem medo de altura, então você pode levar a cadeirinha com mosquetão que vai ter lugar para se prender. Na base da pedra, você vai subir dois pequenos lances de via ferrata: um bem vertical de aproximadamente um metro de altura e outro logo em seguida, bem menos íngreme, curtinho também. Aí você entra em uma caverna, que tem corrimão para se firmar ou prender o mosquetão e não escorregar. São poucos metros e já sobe do outro lado, para o ambiente externo.
Tem um trecho na trilha da Ana Chata que todo mundo comenta que dá mais medo. Você precisa passar por uma pedra que fica do lado de um precipício, tendo que subir ela e descer do outro lado. Eu sinceramente não achei nada demais. Tem um corrimão, claro, do lado exposto, para dar segurança. Na foto abaixo dá para entender melhor o cenário, mas não é nada cabuloso de atravessar (a Pedra do Baú inteira oferece muuuito mais exposição a altura do que qualquer trecho da Ana Chata).
Você vai passar por mais um trecho de via ferrata no final da subida da Ana Chata, que é íngreme, mas que não está ao lado de abismos, então é bem tranquilo. E, enfim, chega no cume. A vista que você tem de lá é a da Bunda da Pedra do Baú, então não vê nem o Bico nem o Bauzinho, mas tem todo o visual do vale e montanhas para curtir. Dá para andar de um lado a outro do topo com tranquilidade, é bem largo, e tem algumas pedras legais para subir e tirar fotos bem maneiras.
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Nascer do sol na Pedra da Balança
Você precisa saber disso quando for decidir quais trilhas fazer em São Bento do Sapucaí! Muita gente compra o passeio para ver o sol nascer ou se por na Pedra do Baú. Mas nesses dois casos, na ida ou na volta, você vai fazer um trecho no escuro e eu não perderia a vista e a sensação da via ferrata pra isso. Por mim perde toda a graça! É, no entanto, uma dica para quem tem medo de altura: fazer um dos trechos no escuro ajuda a superar o desafio de subir a Pedra do Baú e se essa for a única maneira que você topa encarar o rolê, vai nessa!
Mas outra desvantagem de apreciar o sol na Pedra do Baú é a vista, por incrível que pareça. Como as três pedras do Complexo Pedra do Baú ficam muito próximas, a visualização do sol nascendo ou se pondo acaba prejudicada. Não deixa de ser lindo, porque ver isso em qualquer montanha já é uma experiência incrível, mas recomendo que façam isso na Pedra da Balança. Dela, você avista o sol iluminando todo o Complexo Pedra do Baú ao fundo, com o vale e a cidade no meio – é maravilhoso.
Para chegar na Pedra da Balança, você vai atravessar São Bento do Sapucaí, passar por todo o bairro do Serrano e pela Cachoeira do Tobogã, continuar subindo, subindo, subindo. Dá para ir de carro até a entradinha da trilha mesmo, mas a subida é bem pesada e a estrada é majoritariamente de terra.
Eu fui em junho, não estava chovendo, mas além de ter um trecho da estrada em que uma mina d’água estava brotando, deixando ela bem escorregadia, até mesmo nos trechos secos era difícil de o carro subir. O próprio cascalho faz o carro patinar. Se você tiver em um 4×4, aproveita e vai. Mas nós pobres mortais sofremos um pouco mais, com carros mais fracos ou com as pernas mesmo kkkk
As agências de turismo geralmente começam a trilha da Pedra da Balança bem lá embaixo da estrada, porque é onde dá para deixar o carro. Lá em cima, no começo do trecho de trilha mesmo, até tem lugar que cabe um carro, se quiser arriscar subir para ver se o espaço está desocupado.
Quando fomos, uma galera que tinha acampado no topo da pedra deixou o carro lá, por isso que vi que era possível. Mas acho melhor não arriscar e subir tudo a pé mesmo. E olha, é bem puxado!
Em se tratando de dificuldades, eu diria que a trilha da Pedra da Balança é a mais íngreme de todas (não comparando com a via ferrata da Pedra do Baú, mas sim com as trilhas que levam até a base das pedras). Ainda é uma trilha de nível intermediário, portanto quem tem preparo físico não vai sofrer muito. E quem não tem, é só ir devagar que dá para chegar – a vista vai valer o esforço! Em relação à exposição à altura, é bem tranquilo, sem ter que passar na beira de precipícios e não tem via ferrata.
Como eu me hospedei em um chalé que dava de cara com a Pedra da Balança, combinei com o guia João, também da Rotas e Rochas, de começarmos nossa trilha lá de onde eu já estava. Foi ótimo, porque economizamos um longo trecho de subida.
Eu amo fazer trilha, mas é que esse trecho é em estrada mesmo, que cabe carro, e eu já acho bem sem graça andar em lugar assim. Então saímos 3h30 da madrugada do chalé e partimos, em uma agradável temperatura de 8 graus.
Você não sente muito frio fazendo trilha, então é bom logo já ir tirando as blusas para não suar. E, depois, quando chega no topo, tem que estar preparado porque é a hora mais gelada do dia e você estará se desaquecendo do exercício da subida.
Fizemos a trilha em pouco mais de uma hora, em um passo tranquilo. Quem começa lá debaixo deve demorar no mínimo meia hora a mais. O ideal é chegar no cume quando ainda está completamente escuro para ver todas as cores e mudanças no céu. Ficamos por aproximadamente 2 horas lá em cima, tomando café e comendo bolo que o João levou para nós, conversando e curtindo o sol aparecer no horizonte.
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Dicas práticas
A dica prática mais importante sobre o Complexo Pedra do Baú que você precisa saber é que para escolher qual trilha fazer, você tem que conhecer seu condicionamento físico e sua relação com alturas. Recomendo iniciar com a subida no Bauzinho, porque por mais que seja fácil, tem algumas subidas e os mirantes que podem servir de termômetro para quem não sabe se aguenta as outras trilhas.
Outra recomendação que acho importante é começar cedo, principalmente se estiver em São Bento do Sapucaí em feriado ou alta temporada. Como a via ferrata é de mão única, você vai ter que ficar parado em alguns trechos da pedra para esperar a galera passar. A vista é linda, então não é a pior coisa do mundo. Mas se você planeja fazer a travessia das três pedras no mesmo dia, por exemplo, isso pode te atrasar. Além disso, se estiver um dia muito quente, você vai estar lá estatelado na pedra com uma mega exposição ao sol enquanto espera.
Aqui vai mais uma super dica: saber se vestir para as trilhas. São Bento do Sapucaí fica nas montanhas e o período mais procurado para visitar é no inverno. Eu fui em junho e pegava de 6 a 8 graus quando saía de manhã de casa. Mas é importante saber quando tirar as blusas de frio também, principalmente se estiver subindo de madrugada para ver o amanhecer no cume.
Como são trilhas de subida, você vai produzir muito calor, pode estar frio o tanto que for. Você precisa ir tirando as camadas de roupa para não deixarem elas se molharem de suor, porque quando seu corpo se resfriar, no alto da montanha, que é o lugar mais frio, se suas roupas estiverem molhadas, você estará lascado. Vai estragar todo o rolê e você pode ficar doente. Então comece a trilha bem agasalhado, se estiver frio mesmo, e leve uma mochila vazia para ir guardando as roupas à medida que for tirando. No mais, nunca se esqueça do básico de trilha: tênis bom, protetor solar, água e lanche.
Por fim, minha última dica sobre as trilhas do Complexo Pedra do Baú é que, se você não for para São Bento do Sapucaí de carro, o ideal é se hospedar no centro da cidade. Lá fica a maioria das agências de turismo e se você reservar passeio com elas vai ter um acesso mais fácil, porque as trilhas começam longe da cidade. Aproveite sua viagem ao máximo e espero ter ajudado na escolha de quais trilhas fazer no Complexo Pedra do Baú e tirado suas dúvidas sobre como é a via ferrata. Mas qualquer coisa, deixe um comentário!
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