Mochilão América do Sul LGBT

Muita gente nos pergunta se é seguro ser LGBT e viajar para certos países da América do Sul. É tranquilo um casal gay andar de mãos dadas na Bolívia? Vão me olhar torto nos passeios do Atacama? Quais são os bares, bairros e tours LGBTs no Uruguai e na Argentina?

Todas essas perguntas nos inspiraram a fazer um mochilão LGBT pela América do Sul! Como somos um casal de lésbicas podemos sentir na pele se somos ou não bem-vindas em uma cidade, restaurante ou hotel.

O “Turismo LGBT” está em alta, mas é muito fácil ganhar dinheiro em cima da população LGBT… Difícil é ser friendly de verdade, vestir a camisa e contratar LGBTs, né? E nessa viagem é exatamente isso que queríamos investigar!

Contamos um pouco mais sobre tudo isso nesse vídeo, aperta play! :D

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Leia também: Melhores países para LGBTs morarem

Itinerário da Viagem

Planejamos um mochilão de 45 dias que passou por 5 países: Uruguai, Argentina, Chile, Bolívia e Peru. Para cada um desses destinos, além dos tradicionais posts e vídeos dos melhores pontos turísticos, também iremos produzir material específico para o público LGBT.

Fiquem ligados aqui no blog e lá no nosso Canal do Youtube para saber como os LGBTs são tratados em cada uma das cidades… Abordamos um pouco da realidade local, legislação, lugares friendly e, se necessário, locais para sabotar.

Como foi o mochilão América do Sul LGBT?

Saímos de São Paulo dia 01 de novembro de 2016 rumo à Montevideo, capital do Uruguai. Dali fomos para Punta del Este, um destino conhecido por ser romântico. Adoramos o Uruguai, nos arrependemos de ter separado apenas 4 dias para o destino.

As duas cidades são super gay-friendly, com muitas opções de vida noturna gay. Além disso, a legislação do país é super avançada e existem muitas políticas públicas de proteção a pessoas LGBTs. Fizemos um vídeo completo contando todos os detalhes, olha só:

No próximo país, Argentina, nos concentramos na capital Buenos Aires. A secretaria de turismo oficial da Argentina vem investindo muito no Turismo LGBT, e tudo isso se reflete no dia a dia da capital. Exploramos muito a cena gay de Buenos Aires, nos sentimos super bem de demonstrar amor nas ruas. Veja no vídeo a seguir nossa experiência completa:

Depois seguimos para o Chile, onde exploramos Santiago, Valparaíso, Valparaíso e o famoso deserto do Atacama. Imagina só ter aquela visão maravilhosa do céu estrelado curtindo um clima de romance sapatão? Foi maravilhoso! Com certeza um dos lugares mais lindos que já visitei na vida…

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Arte oficial da viagem!

Dali fomos para o Salar de Uyuni, na Bolívia. La Paz e o Lago Titicaca também fizeram parte do nosso itinerário. Desde o começo do projeto estávamos um pouco preocupadas com a Bolívia.

De todos os países, foi o mais complicado na comunicação pré-viagem. Mandamos o nosso projeto sobre América do Sul LGBT pedindo parcerias, apoio e informações e não obtivemos NENHUMA resposta.

No fim, descobrimos que a cena gay lá é praticamente inexistente e que as pessoas LGBTs vivem reprimidas e no armário. Se você procurar por bares, baladas ou eventos gays, vai ter uma bela depceção. Não nos sentíamos seguras pra sair de mão dada nas ruas e nem para falar abertamente que somos um casal. :(

E por último passeamos muito pelo Peru para conhecer Puno, Cusco, Machu Picchu, Arequipa, Ica, Nazca e Lima. Nas pesquisas pré viagem encontramos muitas agências que se diziam LGBTs, mas ao entrar em contato descobrimos que de LGBT não tinham nada: nenhum produto especializado, nem funcionários LGBTs… estavam apenas querendo ganhar dinheiro em cima do coletivo.

Felizmente em Cusco tivemos uma bela surpresa, existem alguns lugares onde a cena gay está crescendo e os ativistas vem fazendo um trabalho muito legal lá, para melhorar a situação e leis para LGBTs. Veja mais detalhes no vídeo abaixo:

Foram 45 dias puxados mas que com certeza foram muito interessantes… Voltamos com a sensação de missão comprida, porque nossos leitores LGBTs não podem mais ficar na dúvida na hora de viajar para algum desses destinos, né?

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Seja para onde for, levamos a bandeira LGBT conosco!

Turistas LGBTs

Ser turista e LGBT faz com que as nossas viagens sejam diferentes das viagens de pessoas heterossexuais/cisgêneras. Não acreditamos que exista um tipo específico de “viagem gay” ou “viagem LGBT”, mas há algumas preocupações e coisas que fazemos para nos proteger que nunca passariam pela cabeça de uma pessoa não-LGBT.

Quer um exemplo? Um LGBT, antes de comprar a passagem, normalmente vai pesquisar se é permitido ser LGBT naquele destino. Vai ler as leis, ver como a sociedade recebe, se existe discriminação física ou verbal…

Às vezes temos aquele sonho de conhecer um destino lindo mas nos deparamos com uma lei LGBTfóbica que prende ou mata homossexuais, por exemplo. Béééé, viagem cancelada na hora!

Mais um exemplo: É comum casais de gays e lésbicas passarem por muito constrangimento em hotéis. Mesmo quando reservamos antes um quarto com cama de casal, ao chegar na recepção nos deparamos com olhares, cara-feia e perguntas sem-noção.

Muitas vezes eu e Fabia já ouvimos a seguinte frase: “mas tem certeza que vocês querem cama de casal mesmo?”. Ué, se eu reservei, estou aqui te falando que quero, porque você pergunta novamente? Isso ofende, isso é chato e nenhum casal de heterossexuais passa por esse questionamento.

Imagina só uma pessoa trans que pode passar por sérios constrangimentos perante hotéis, agências e restaurantes que não respeitam o nome social ou o uso do banheiro. Não dá nem vontade de viajar, né?

Esses são apenas 3 exemplos para mostrar que as pessoas LGBTs tem necessidades e considerações específicas em uma viagem. A gente sonha com um mundo onde realmente não haja diferença.

O que eu mais quero é que um gay ou pessoa trans nco precise se preocupar com essas coisas… Mas ainda temos que nos preocupar – e muito! Dentro do nosso próprio país existem estados ou cidades mais violentas e perigosas para LGBTs… Infelizmente o Brasil ainda é o país campeão de assassinatos a LGBTs no mundo todo. 

Nós pretendemos investigar a realidade e fazemos questão de mostrar que LGBTs são consumidores e sobretudo seres humanos que merecem respeito. Fomos orgulhosas, carregando nossas bandeiras do arco-íris (literalmente) e empolgadas para explorar a América do Sul. 

Viva la diversidad, Viva América!

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Vamos espalhar amor mundo afora!

Dica: A Aline do blog Uma Sulamericana fez um post bem legal sobre mochila de viagem feminina, com todos os truques para você escolher a melhor. Confira aqui: Mochila de viagem feminina – como escolher